quarta-feira, abril 15, 2009

Diante dessa lei cretina que quer se meter na vida das pessoas, só tenho uma coisa a fazer: começar a fumar



Fumo neles!

Uma vez acendi uma porcaria de um cigarro e fui ao espelho ver o resultado. Não rolou. Me senti um pateta soltando fumacinha. Não combino com cigarro. Mas tem uma coisa que combina ainda menos comigo: o Estado se metendo na minha vida. Isso eu não tolero. Além de fazer mal para saúde, é devastador até para um espírito de porco feito o meu.

Diante dessa lei cretina de São Paulo que quer se meter na vida das pessoas, só tenho uma coisa a fazer: começar a fuma
 r. Aos 42 anos, quase 43. Trata-se de uma decisão política. Quero que se dane: só pra zoar vou me permitir as primeiras baforadas e espero sinceramente me viciar em altos teores de nicotina e alcatrão, quanto mais toxinas e ameaças de cânceres, mutilação e impotência, maior a liberdade que pretendo advogar. Em tempo: "advogar" quer dizer "trazer para si". Ou seja, tragar. Vou começar pelos charutos.

E, aqui, aproveito para fazer uma sugestão a donos de bares, restaurantes e similares e não similares: acrescente "Tabacaria" ao nome de seu negócio, e pronto. A lei burra permite fumar em tabacarias. Imaginem só. Panificadora e Tabacaria Nossa Senhora de Fátima. Ou Casa de Colchões e Tabacaria Sonho dos Reis e assim por diante. Se bobear vai ter até Farmácia, Bar e Tabacaria Cruz Azul.

A venda de cigarros aumentará deliciosamente, apesar das altas taxas cobradas pelo governo. Essa lei, em vez de jogar o fumante na clandestinidade - como alguns acreditam -, vai ter o efeito contrário. Os fumantes voltarão a ser os heróis da resistência. Os verdadeiros outsiders. Imaginem vamps vestindo luvas pretas de seda e caprichando no batom que manchará a guimba do cigarro fatal. Smoking fetish. Os caubóis do mundo de Marlboro encilhando seus puros-sangues, prontos para invadir as casas de sucos naturais e as academias de ginástica. Ah, meu Deus! Quanta asnice! E nunca é demais lembrar - como fez Fábio Santos neste Destak - que, seguindo a lógica burra dessa lei, deveríamos proibir a circulação de automóveis e as churrascarias. Tudo isso mata. Inclusive, o ato de respirar faz um mal danado à saúde. Vamos fechar os estádios de futebol também - um perigo para os cardíacos. E, no embalo, fecharíamos os ouvidos, a boca e, principalmente, o cérebro: porque pensar também mata e é um veneno na vida saudável do otário que é obrigado a ir às urnas de quatro em quatro anos para votar nesses palhaços que, no lugar de legislar em função do bem público, apenas se preocupam em fazer leis esdrúxulas e meter a mão no dinheiro da gente. Fumo neles!

(Marcelo Mirisola*Escritor e autor de O Herói Devolvido, entre outros)

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