terça-feira, novembro 06, 2012

TRIBUNAL VERMELHO, DELAÇÃO, DESAPARECIDOS

Uma sorocabana na ANL

Em dezembro de 36, logo após a tentativa de insurreição liderada por Prestes, a polícia de Vargas prendeu, no Rio de Janeiro, o secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, o baiano Antônio Maciel Bonfim, 31 anos, conhecido como Miranda. Junto com ele foi presa sua companheira, a sorocabana Elvira Cupelo Colônio, a Garota, de 20 anos. Ao ser pega, Elvira disse aos policiais que viajara à pé os 480 quilômetros que separam Sorocaba-SP do Rio de Janeiro, onde foi empregada doméstica até conhecer Miranda, se apaixonar por ele, passar a militar no Partido Comunista e viver na clandestinidade. Na prisão, Elvira se tornou uma personagem controvertida. Era vista como louca por uns e como traidora por outros. Mas o fato é que ela delatou friamente e ajudou a identificar diversos militantes da ALN. Elvira chegava a entregar informações sobre o partido à polícia soltando sonoras gargalhadas e sem se intimidar com a presença de outros presos políticos. Em poucos meses, a Garota foi libertada e novamente detida pela polícia diversas vezes. A cada volta sua à prisão, novos dirigentes do partido caiam em seguida nas mãos dos policiais. Ciente desses fatos, o PCB abriu um "inquérito" sobre o assunto, concluindo que a sorocabana de fato colaborava com os agentes de Vargas. A sentença de Elvira: a morte. Em uma de suas saídas do presídio, ela foi capturada pelo partido e, duas semanas depois, em fevereiro de 1937, foi executada. Ao saber da morte da mulher, Antônio Maciel Bonfim, que também vinha delatando ex-companheiros, passou a intensificar sua colaboração com a polícia.

http://www.smetal.org.br/smetal/website/sindicato/Historia/cronologia-sindical,20100412141341_K_610.aspx


                                                     

Elza Fernandes, codinome de Elvira Cupello Calônio, nascida em Sorocaba, era namorada de Antonio Maciel Bonfim, o Miranda, líder do PCB ao tempo da revolução comunista de 1935. Diante do fracasso da rebelião e suspeitando que Elza, que tinha apenas 16 anos, tivesse traído o movimento, Luiz Carlos Prestes manda matá-la, o que ocorre em começos de 1936. O assunto foi tabu no PCB, sendo objeto de livro, intitulado Elza, a garota, do jornalista Sérgio Rodrigues, publicado em 2009 pela editora Nova Fronteira. Segundo o autor do livro, em especial graças a depoimentos da ex-militante do PCB Sara Becker, que tinha a mesma idade que a moça, Elza ou Elvira era semi-analfabeta e não tinha noção do que era o partido ou a sua rebelião. No dia 20 de fevereiro de 1936, ela foi estrangulada com um fio de varal por Francisco Natividade Lira (Cabeção ou Lira Cabeção). Numa carta citada por Sérgio Rodrigues, Prestes ordena, poucos dias antes, sua eliminação.


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