quinta-feira, janeiro 17, 2013

A humanidade e sua criatividade



As motivações humanas são sempre uma caixa de surpresa!
Primeiro destroem a estatua de Stalin, agora querem edificar uma, para Adolf Hitler.
Mais não há surpresa na atitude. Já destruíram santuários, edificaram santuários, uma estatua a mais ou a menos na história da humanidade não mudaria em nada os bons costumes, cultura e educação. Breve relato histórico:


Zivia Lubetkin: O dia 18 de abril de 1943 era a véspera de Pessach. Dois dias antes, o homem da Gestapo, Brund, entrou no escritório do Conselho Comunitário (o Judenrat) e disse que achava que o órgão não estava tomando conta direito das crianças judias.

Não havia comida nem legumes suficientes e ele sugeriu que os jardins de infância fossem reabertos para que as crianças pudessem brincar e rir, pois ele tinha certeza de que os judeus que haviam permanecido em Varsóvia eram produtivos e não havia perigo de deportação. Por experiência própria sabíamos que quando havia rumores no ar e se ouvia uma promessa desse tipo, era um mau sinal.

Tinham surgido rumores no gueto nos últimos dias antes de Pessach de que os alemães estavam-se aprontando para liquidar o gueto de Varsóvia. Outros tinham ouvido desse ou daquele alemão palavras de encorajamento, aconselhando-nos a lá permanecer. Mas no dia 18, o nosso policial judeu, que integrava o movimento clandestino, informou-nos que os policiais poloneses haviam dito aos policiais judeus que algo estava para acontecer naquela noite, apesar de não saberem exatamente quando.

A Frente de Combate Judaica existente no gueto, que contava com células de combatentes, declarou estado de alerta. Naquela noite, por volta da meia-noite, esse mesmo policial veio ver-nos para dizer que o gueto fora cercado.

Promotor: A essa altura, o Conselho Judaico já perdera o controle. Vocês estavam no controle da situação, correto?
Z. Lubetkin: Isto ocorreu antes, ainda, entre janeiro e abril, talvez antes. O próprio Judenrat obedecia as ordens que emitíamos e fazíamos publicar em Varsóvia. Era uma época em que os judeus obedeciam.
Nós nos dividimos. Eu fui para um posto no número 33 da rua Nalewki. O comandante do grupo era Zechariah Auster. Os outros camaradas, Anilevich e outros, também se dirigiram a seus postos. Mordechai Anilevich foi até o número 29 da rua Mila. Naquela noite dissemos aos judeus que aquele que tivesse armas, lutaria. Todos nós tínhamos armas – e não apenas os que fazíamos parte da Frente de Combate. Dissemos: os que não tiverem armas, descerão aos abrigos subterrâneos. E, na primeira oportunidade, no tumulto criado pela luta, deixem-nos fugir para a parte ariana da cidade. Deixem-nos escapar para a floresta. Alguns se salvariam.

Para os grupos de combate, não havia que dar ordens. Aqueles jovens, homens e mulheres, aguardavam há meses com ansiedade pelo momento de poder atirar nos alemães. O dia amanheceu. Eu estava num sótão da rua Nalewki, 33, e vi os milhares de alemães armados com metralhadoras cercando o gueto. De repente, eles entraram no gueto, aos milhares, armados como se estivessem indo em direção à frente russa. Nossa célula constava de vinte homens, mulheres e jovens.

Cada um de nós portava um revólver e uma granada e todo um esquadrão tinha duas armas , e algumas bombas feitas de forma muito rudimentar. Era preciso acendê-las com fósforos. Era estranho ver aqueles vinte judeus, de prontidão contra um inimigo numeroso e fortemente armado, felizes porque sabiam que seu fim tinha chegado. Sabíamos que eles nos venceriam; mas sabíamos, também, que eles pagariam um alto preço por nossas vidas.

Sei que muitos de vocês não acreditarão, mas quando os alemães avançaram em direção a nossos postos e lançamos contra eles aquelas bombas e granadas de mão e vimos o sangue alemão jorrando pelas ruas de Varsóvia, após ter visto tanto sangue judeu derramado, nós ficamos em júbilo. O amanhã já não nos preocupava mais.

Aqueles heróis alemães bateram em retirada, atemorizados pelas bombas domésticas e granadas de mão. Uma hora mais tarde vimos um oficial ordenar que seus soldados recolhessem os mortos e feridos. Mais tarde, retiramos as armas deles. Portanto, no primeiro dia, nós, tão poucos que éramos e com armas que mais pareciam de brinquedo, conseguimos afastar os alemães do gueto. Mas é claro que eles voltaram. Eles tinham armas e munição, pão e água suficientes, e nós, não. Voltaram no mesmo dia, reforçados por tanques, e nós, com nossas bombinhas de gasolina, ateamos fogo num tanque durante esse embate. Quando, à noite, nos reunimos para fazer os relatos, constatamos que nossas baixas tinham sido irrisórias, apenas duas. Sabíamos que naquele dia centenas de alemães tinham tombado, mortos ou feridos.



                                                                                   
                                                                           


                                                                                 

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