sexta-feira, outubro 26, 2012

NOSSA POLÍTICA NUNCA HOUVE PUREZA! MAS....

A corrupção no Brasil existe mesmo antes de se tornar império e posteriormente nossa atual república. Para ilustrar a afirmação, um pequeno trecho de Isabel Lustosa, historiadora da Casa de Rui Barbosa (RJ) e autora de "Insultos Impressos" (Companhia das Letras), entre outros livros. Nosso exemplo era o tesoureiro-mor de D. João VI e chamava-se Francisco Bento Maria Targini.

“No "Correio", Hipólito criticaria o fato de o conde dos Arcos, principal ministro do regente, D. Pedro, ter dado por justas e liquidadas as contas do tesoureiro-mor e concedido passaporte para aquele se pôr ao fresco (no contexto, livre).
Segundo Oliveira Lima, o inquérito contra Targini, conduzido pelo conde dos Arcos, "estabeleceu a integridade do funcionário, a quem foi concedida uma pensão".

Talvez Lima não conhecesse um manuscrito de 17 páginas datado de 1807 e intitulado "Ode ao Conde dos Arcos", que consta do acervo da Biblioteca Nacional e assinado por Francisco Bento Maria Targini.
Segundo Antonio Paim, Targini foi o responsável pela tradução para o português do tratado publicado por Charles Villers, em 1801, "A Filosofia de Kant ou Princípios Fundamentais da Filosofia Transcendental".

Uma das coisas que Oliveira Lima alega em defesa de Targini é o fato de ser homem culto que traduziu o "Ensaio sobre o Homem", de Pope, e "O Paraíso Perdido", de Milton. Esta última foi publicada em Paris, em 1823, com reflexões e notas do tradutor, numa edição muito luxuosa.

De fato, Targini, quando chegou a Lisboa, em 1821, foi impedido de desembarcar, retirando-se para Paris. Ali viveu até morrer em 1827, certamente com tempo e dinheiro para gastar em suas obras de erudição.
Creio que, apesar da defesa de Oliveira Lima, vale o refrão espanhol que Hipólito da Costa usou para ilustrar a situação de Targini: "Quem cabras não tem e cabritos vende, é porque de algum lugar lhe vêm".

Seu enriquecimento no cargo de tesoureiro-mor de um reino tão empobrecido devia ser indício suficiente para condená-lo.
Sua vasta erudição não é atenuante, e sim, agravante.
Os pequenos corruptos, incultos e quase analfabetos, como o barbeiro Plácido e a marquesa de Santos, roubavam no varejo, da despensa do rei e do bolsinho do imperador.

Targini roubava à grande, ostentando seus ganhos e correspondendo fielmente a uma outra versão da quadrinha popular e que terminava dizendo”: "Quem mais rouba e não esconde/ passa de barão a visconde".

Todos posteriores a Targini, não importa os cargos ocupados devem ter seus “deslises”.
Mais a este, na história contemporânea do Brasil, só consigo comparar tamanho cinismo aos governadores do estado de São Paulo Adhemar Pereira de Barros, Paulo Salim Maluf e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ("Eu já fui julgado. A eleição da Dilma foi um julgamento extraordinário. Para um presidente com oito anos de mandato, sair com 87% de aprovação é um grande juízo")
                                              



                                                 



Um comentário:

  1. Seria útil a seus conhecimentos que lesse o site "targini.com.br", pois conheceria a verdadeira história não só de Targini, como do Brasil, não se agarrando e repetindo um artigo da historiadora Isabel Lustosa, que também é uma cópia de outros, sem apoio em documentos e totalmente cheia de falsas informações.

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